Empresas americanas dominam corrida por terras raras na Europa em 2025, enquanto China reforça controle sobre suprimentos de defesa
- Por que as terras raras se tornaram o novo campo de batalha geopolítico?
- Como os EUA estão dominando o mercado europeu?
- Quais os erros estratégicos da Europa?
- Quais as alternativas emergentes?
Em um movimento estratégico que está remodelando o mercado global de terras raras, empresas de defesa dos EUA estão adquirindo estoques europeus em velocidade recorde, deixando concorrentes locais para trás. Enquanto isso, a China intensifica suas restrições à exportação de materiais críticos para a indústria bélica, criando uma crise de abastecimento que já afeta preços e disponibilidade. Este artigo revela como a geopolítica está transformando o comércio desses minerais essenciais para tecnologias de defesa e energia limpa.
Por que as terras raras se tornaram o novo campo de batalha geopolítico?
As terras raras - um grupo de 17 elementos químicos essenciais para fabricação de ímãs permanentes, sistemas de armas avançadas e tecnologias verdes - viraram moeda de troca no tenso jogo entre potências globais. Com a China controlando cerca de 80% do refino global desses materiais, Pequim vem usando essa vantagem como arma geopolítica, especialmente após o embargo às exportações para aplicações militares anunciado para abril de 2025.
Segundo dados do US Geological Survey, a demanda global por terras raras deve crescer 300% até 2030, pressionando ainda mais os mercados. "Estamos vendo empresas americanas agirem como se estivéssemos em guerra", comenta um analista do BTCC que preferiu não se identificar. "Elas estão comprando não apenas para necessidades imediatas, mas criando reservas estratégicas."
Como os EUA estão dominando o mercado europeu?
Enquanto a Europa debate regulamentações e processos burocráticos, compradores americanos agem com velocidade militar. Dados da Tradium GmbH mostram que transações que levam semanas com europeus são concluídas em dias com americanos. Três fatores explicam essa vantagem:
- Financiamento governamental direto (como os US$ 10 bilhões em garantias do DoD para a MP Materials)
- Estratégias de compra antecipada na cadeia de suprimentos
- Logística integrada com fornecedores
"Eles têm mandato para decidir na hora, sem consultar dez comitês", desabafa um executivo alemão do setor. Resultado? Estima-se que 70% dos estoques disponíveis na UE já foram adquiridos por empresas norte-americanas.
Quais os erros estratégicos da Europa?
A União Europeia, apesar de ter aprovado a Lei de Matérias-Primas Críticas em 2024, continua patinando em três fronts:
| Problema | Exemplo | Consequência |
|---|---|---|
| Falta de coordenação | Empresas comprando sem planejamento | Preços 40% acima do mercado |
| Dependência de refino chinês | 0 capacidade de processamento na UE | Matéria-prima sem valor agregado |
| Burocracia excessiva | RESourceEU ainda em fase piloto | Oportunidades perdidas |
Enquanto isso, a Rheinmetall AG acumula bilhões em estoque, mas pequenas empresas lutam para sobreviver. "Não se trata apenas de extrair, mas de dominar toda a cadeia", alerta Thorsten Benner do GPPI.
Quais as alternativas emergentes?
Algumas iniciativas começam a surgir:
- Parceria germano-canadense em mineração submarina
- Fundo de €1 bilhão da KfW para matérias-primas
- Recuperação de know-how na França com aposentados
Mas será suficiente? "Precisamos agir como na crise do euro", defende Benner. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, os EUA já estão três jogadas à frente nesse xadrez geoeconômico.