Crise da ABcripto: Itaú, Coinbase, Liqi e outras gigantes abandonam associação em massa
A ABcripto, principal associação do setor cripto no Brasil, enfrenta um êxodo sem precedentes. Grandes nomes como Itaú, Coinbase e Liqi cortaram formalmente seus laços com a entidade, levantando questões sobre o futuro da autorregulação no ecossistema.
O que levou à debandada?
Detalhes internos ainda são escassos, mas o movimento coordenado de saída aponta para uma crise de governança ou divergências estratégicas profundas. Quando instituições desse porte saem de cena, o sinal para o mercado é claro: algo está estruturalmente errado.
Um vácuo de representação
A saída em massa deixa um vazio na representação institucional do setor. Quem falará pela indústria em debates regulatórios agora? A situação expõe as frágeis alianças que sustentam a narrativa de um setor unificado—uma lição cara sobre a política dos ativos digitais.
Oportunidade na desordem?
Enquanto alguns veem caos, outros enxergam abertura. Crises em associações tradicionais frequentemente pavimentam o caminho para novos modelos, mais ágeis e alinhados com a descentralização que o setor prega. É o velho ciclo financeiro: uma estrutura rígida quebra, e os inovadores constroem algo novo sobre os escombros.
O mercado continua—com ou sem associação. A verdadeira prova será se essa turbulência institucional consegue, ironicamente, abafar o barulho dos preços em alta e chamar a atenção para a maturidade—ou a falta dela—que realmente importa.
A crise institucional vivida pela Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto) resultou na saída de empresas relevantes do setor, incluindo Itaú, Coinbase, GCB, Liqi e Avenia.
Pelo menos seis fontes confirmaram ao Valor Econômico que os desligamentos ocorreram ao longo de novembro, em meio ao agravamento do conflito entre a presidência da entidade e o conselho de administração.
PublicidadeO GCB, que trabalha com tokenização de ativos, informou que deixou voluntariamente o quadro associativo no início do mês. Além disso, a empresa confirmou que o CEO Gustavo Blasco não integra mais o conselho da ABcripto.
Liqi e Avenia comunicaram que não fazem mais parte da entidade. Mas a Liqi destacou que mantém participação em outras associações, como Anbima e ABFintechs. Coinbase e Itaú não se manifestaram oficialmente.
Conflito entre presidente e conselho se intensifica
A disputa interna envolve o presidente da ABcripto, Bernardo Srur, e os conselheiros Daniel de Paiva Gomes, André Portilho, Maria Isabel Sica e Renata Mancini. O grupo aponta falta de transparência nas contas e práticas consideradas centralizadoras na condução da associação. Srur nega as acusações.
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A diretoria ingressou com ação judicial contra os conselheiros, alegando tentativa de destituí-lo da presidência por meio da convocação irregular de uma Assembleia Geral Extraordinária. Os conselheiros afirmam que sequer foram informados de que a entidade estaria em situação irregular perante a Receita Federal, ponto também refutado pelo presidente.
Uma decisão liminar obtida por Paiva Gomes determinou que a ABcripto convocasse a AGE. Em resposta, Srur marcou a assembleia para 16 de dezembro, data que antecede o prazo no qual seria reconduzido automaticamente ao cargo caso não houvesse deliberação.
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Entidade minimiza impacto e reforça agenda institucional
Em nota, a ABcripto declarou que a movimentação de associados faz parte da dinâmica natural de entidades representativas.
PublicidadeAlém disso, a associação citou que entradas e saídas refletem ciclos e prioridades de cada organização. Reiterou ainda sua atuação voltada ao desenvolvimento responsável do mercado de criptoativos no Brasil, com ênfase em ações regulatórias, autorregulação e educação.
A entidade afirmou que segue conduzindo suas atividades em colaboração com as empresas que permanecem no quadro associativo e com demais agentes do ecossistema de ativos digitais no país.
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