Gabriel Makhlouf da EZB Adverte: Euro Não Está Pronto para Substituir o Dólar como Moeda Global
- Por que o Euro Não Pode Desafiar o Dólar no Curto Prazo?
- Quais São os Principais Obstáculos para o Euro?
- O Que Makhlouf Propõe para Fortalecer o Euro?
- Como o Contexto Global Afeta Esta Discussão?
- Qual É o Papel da EZB Neste Processo?
- Perguntas Frequentes
Num discurso recente, Gabriel Makhlouf, membro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) e governador do Banco Central da Irlanda, desafiou a narrativa de que o euro está prestes a substituir o dólar americano como âncora do sistema financeiro global. Durante uma conferência econômica em Aix-en-Provence, França, Makhlouf destacou as lacunas estruturais e fiscais da Europa, argumentando que a moeda única ainda não possui os mecanismos necessários para competir com o domínio do dólar. Este artigo explora suas declarações, analisa os desafios do euro e discute o caminho para uma maior integração europeia.
Por que o Euro Não Pode Desafiar o Dólar no Curto Prazo?
Gabriel Makhlouf foi enfático ao afirmar que o euro não está preparado para substituir o dólar como principal moeda de reserva global. Ele citou cinco razões principais: (1) a falta de uma autoridade fiscal centralizada na UE, (2) a ausência de um ativo seguro comparável aos títulos do Tesouro dos EUA, (3) a fragmentação dos mercados de capitais europeus, (4) a dependência contínua do sistema financeiro global em instrumentos denominados em dólares e (5) a necessidade de maior coordenação política entre os membros da zona do euro. "O sistema econômico da Europa ainda não está totalmente formado", admitiu Makhlouf, destacando que mesmo após duas décadas de existência, a arquitetura do euro permanece incompleta.
Quais São os Principais Obstáculos para o Euro?
Makhlouf identificou vários desafios críticos:
- Integração Fiscal Limitada: A UE não possui um orçamento central robusto como os EUA, dificultando respostas coordenadas a crises.
- Mercado de Capitais Fragmentado: Diferentes regulamentações nacionais impedem a criação de um mercado único eficiente.
- Falta de Ativos Seguros: Não há equivalentes europeus aos Títulos do Tesouro dos EUA, essenciais para reservas globais.
- Divergências Políticas: Países membros têm prioridades econômicas distintas, complicando reformas.
- Dependência do Sistema em Dólar: Cerca de 60% das reservas globais ainda são em dólares (Fonte: FMI, 2023).
O Que Makhlouf Propõe para Fortalecer o Euro?
O executivo do BCE defendeu reformas ambiciosas:
- Acelerar a União Bancária e de Mercados de Capitais
- Criar um ativo seguro pan-europeu
- Expandir mecanismos fiscais compartilhados
- Reduzir barreiras internas no mercado único
- Aproveitar crises geopolíticas para avançar a autonomia europeia
"Estas são oportunidades para aumentar verdadeiramente o perfil da UE, fortalecer sua soberania e autonomia - e elas precisam ser aproveitadas", insistiu Makhlouf.
Como o Contexto Global Afeta Esta Discussão?
As declarações ocorrem num momento de crescentes tensões geopolíticas e questionamentos sobre a hegemonia do dólar. No entanto, Makhlouf alertou contra interpretações precipitadas de movimentos recentes nos mercados cambiais: "É exagerado dizer que isso levará repentinamente à substituição do dólar pelo euro, porque o euro simplesmente não está pronto para isso". Dados do TradingView mostram que o euro representa cerca de 20% das reservas globais, contra quase 60% do dólar - proporção estável na última década.
Qual É o Papel da EZB Neste Processo?
Makhlouf pediu ao BCE que tome medidas ousadas para promover a soberania econômica europeia. Vários colegas do banco central ecoaram recentemente a necessidade de completar a união dos mercados bancários e de capitais, melhorar investimentos transfronteiriços e desenvolver ferramentas fiscais comparáveis às dos EUA. Analistas do BTCC observam que, sem essas reformas, o euro continuará em desvantagem estrutural frente ao dólar.
Perguntas Frequentes
Por que o dólar americano domina o sistema financeiro global?
O dólar beneficia-se da profundidade dos mercados financeiros dos EUA, da estabilidade institucional, da liquidez sem paralelo de seus títulos públicos e da rede global de pagamentos em dólares estabelecida após a Segunda Guerra Mundial.
Quanto tempo levaria para o euro substituir o dólar?
Segundo Makhlouf e outros especialistas, isso exigiria décadas de reformas profundas na arquitetura europeia e mudanças significativas nos hábitos do sistema financeiro global.
Quais países apoiam uma maior integração fiscal na UE?
Nações como França, Alemanha e Itália geralmente defendem maior integração, enquanto países do Norte da Europa tendem a ser mais cautelosos com compartilhamento de riscos fiscais.
Como as criptomoedas afetam esta equação?
Embora ativos digitais desafiem o sistema monetário tradicional, Makhlouf não os mencionou como alternativas viáveis no curto prazo, focando nas reformas institucionais dentro da arquitetura europeia existente.